sexta-feira, setembro 25, 2009

Campeonato Italiano de Futebol para leigos

Nesta quinta-feira encerrou-se a quinta rodada do Campeonato Italiano de Futebol. Com um mês de competição, já podemos fazer uma análise do que aconteceu na velha bota no último verão.

Como sabemos, os dois maiores craques da Itália até a última temporada já não estão mais lá - Kaká, ex-Milan, foi para o Real Madrid por 65 milhões de Euros, e Ibrahimovic, ex-Inter, foi para o Barcelona (e inclusive já enfrentou a ex-equipe pela UEFA Champions League). Estas duas estão no Top 3 das maiores transferências da Europa, perdendo apenas para os 94 milhões de Euros de Cristiano Ronaldo (do Manchester United para o Real Madrid). Muito dinheiro entrando, mas a palavra de ordem é poupar.

Mas não pense que com isso a competição fica minguando, pelo contrário. O camaronês Samuel Eto'o veio para a Internazionale, trazendo mais 45 milhões de Euros. O argentino Diego Milito, ex-Genoa, também chegou ao lado nerazurri de Milão e trouxe o brasileiro Thiago Motta, e, no apagar das luzes, o holandês Sneijder também se juntou à equipe. A Juventus trouxe os brasileiros Felipe Melo, revelação da última temporada pela Fiorentina, e Diego, do Werder Bremen, que em duas rodadas já arrancou elogios da imprensa, mas na rodada seguinte se lesionou e não jogou as duas últimas partidas da Vecchia Signora. O dinamarquês Poulsen e os italianos Fabio Cannavaro e Fabio Grosso também desembarcaram em Turim, formando a base que mais pode fazer frente à atual tricampeã italiana, Inter.

Mais abaixo na tradição (e na tabela financeira) nada de Roma e Lazio. Os rivais de Gênova, Genoa e Sampdoria, são os melhores destaques das negociações.
O primeiro vendeu o goleiro Rubinho, destaque do time junto com Thiago Motta e Diego Milito, mas contratou o arqueiro italiano Amelia, o marroquino Kharja e o espanhol Zapater para o meio-de-campo, e os atacantes argentinos Palacio e Crespo, além do italiano Floccari. Estes se juntam aos também nacionais Sculli e Palladino, e formam o que parece ser o time mais interessante do momento, com nomes baratos e de muita qualidade.
O segundo teve uma contratação de impacto, o ala Mannini, um dos destaques do Napoli na temporada 2008/09. Ele se junta à dupla infernal Cassano-Pazzini, que se encontrou na equipe azul e branca após muito rodar na Itália e fora dela. Cassano inclusive merece ser convocado pelo técnico Marcelo Lippi, que resiste ao clamor nacional (e até mundial) de forma que chega até a ser birrenta, levando apenas o segundo atacante ex-Fiorentina.

Fiorentina que entra no grupo dos que não se reforçaram de forma impactante, mas têm boa base e promete brigar por vaga nas Ligas Européias outra vez, ao lado de Napoli, Palermo, Roma e Lazio.
O time de Florença perde temporariamente o romeno Mutu, que tem uma pendência financeira com o Chelsea, mas encontrou no próprio elenco a solução para o problema. O jovem montenegrino Jovetic é a referência do time com apenas 20 anos incompletos, completando um time interessante ao lado de Frey, goleiro francês, e Gilardino, atacante italiano.
O Napoli reforçou-se com o lateral colombiano Zuñiga, para suprir a perda de Mannini, e contratou ainda o goleiro De Sanctis, ex-Udinese e vindo do Galatasaray, mas tem ainda em Maggio, Hamsik e Lavezzi a esperança de dias ainda melhores que os da última época.
Roma e Lazio não são mais os mesmos doo início da década, quando os romanisti contavam com Samuel, Totti, Montella e Batistuta, e os laziale respondiam ainda melhor com Nesta, Mihajlovic, Verón, Poborsky, Nedved e Crespo. Pouco se reforçaram dois dos mais tradicionais clubes italianos, com dois argentinos ex-Inter de Milão. O primeiro trouxe o zagueiro Burdisso, e o segundo o atacante Julio Cruz, dentre outros nomes de menor expressão, que se juntam à base de Totti, De Rossi, Vucinic e Julio Baptista no primeiro, e Muslera, Matuzalém, Mauri e Foggia no segundo.
O Palermo conta com dois já "veteranos" na equipe, Fabio Simplicio e Miccoli, e espera melhorar com a chegada do goleiro brasilerio Rubinho, ex-Genoa.

No entanto, a maior expectativa e a maior decepção do ano são mais que tradicionais. O Parma, que vem de ótima campanha na Série B, formou um time mesclando jovens promessas e experientes regionalmente consagrados. Dentre eles, destacam-se o goleiro Mirante, os zagueiros/laterais Zaccardo e Panucci, os meais Lanzafane e Dzemaili, e os atacantes Bojinov, Biabiany e Paloschi, os dois últimos revelações de Inter e Milan, respectivamente.

E, se você sentiu falta do Milan até aqui, sim, é a maior decepção da temporada no que diz respeito ao mercado de transferências. Viu o técnico Carlo Ancelotti e o meia Kaká deixarem a equipe, mas reforçou-se apenas com jogadores retornando de empréstimo, como o goleiro Storari e o promissor meia Abate, que vem tendo poucas chances, além de efetivar o então diretor-técnico Leonardo como treinador rossonero. Um time que capengava já com Kaká, agora sem ele precisava de uma referência, que, alguns apostavam, seria Ronaldinho Gaúcho, que iria decidir-se de vez e voltar a jogar a bola que o consagrou - por ordens de Silvio Berlusconi e Adriano Galliani, mandatários do clube. No entanto os dois cartolas estavam errados, e o ex-melhor do mundo continua tãomal das pernas quejá foi veiculada a possibilidade de que ele volte ao Brasil (Corinthians, Palmeiras e São Paulo se interessam) ou até que se aposente dos gramados antes mesmo dos 30 anos de idade que completará em março próximo apenas. E assim, a base do Milan é aquela que conhecemos há muitos anos, com Seedorf e Pirlo sendo os cansados armadores, Alexandre Pato mantendo a inexpressividade e individualismo que chegam a ser irritantes, e Nesta e Ambrosini carregando o piano sem muito brilho, com Inzaghi cansando de fazer gol mesmo aos 36 anos de idade. Apenas o brasileiro Thiago Silva merece maior destaque, tendo sido elogiadíssimo pelo eterno líbero milanista Franco Baresi, que com certeza conhece bem da posição de zagueiro e pode orientar o promissor selecionável de Dunga - mas não parece precisar fazê-lo.

Observa-se que os times não cometeram nenhuma loucura financeira como se viu em outras épocas, e buscaram se fortalecer enfraquecendo os rivais. E após estas cinco rodadas, Inter e Juventus estão empatadas na liderança, para variar.  Este fim de semana temmais rodada do Calcio, aguarde e confira.

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